terça-feira, 21 de dezembro de 2010

and i'm not having a nice time


eu ando por essas ruas e avenidas. é tarde da noite, mas ainda há movimento. sabe como é, noite de ano novo, as pessoas não vão dormir cedo. noite não, madrugada. deixe-me ver o relógio. ah, certo, 3h 41min. e eu aqui, andando sozinha debaixo das luzes dessa cidade que, embora não seja new york, nunca dorme.

eu sou de san francisco. onde o sol se põe mais tarde e onde fica a famosa ponte golden gate. é uma ponte incrível, por sinal. no entanto, eu não sinto como se eu pertencesse a essa cidade. as coisas andam normais, eu vivo minha vida comum, tenho amigos, família. e é dessa normalidade que eu cansei.

por isso, criei o hábito de andar de madrugada pelas ruas dessa cidade. pode parecer estranho, a maioria das pessoas recuaria só de pensar na ideia de sair da segurança de seus lares tão tarde. acontece que é a "calmaria" das noites/manhãs que me faz pensar na minha vida. "calmaria" entre aspas mesmo, porque, como eu disso, san francisco também não dorme.

sobre a minha vida. sempre vivi uma vida confortável, era boa aluna na escola, não era nerd, mas também não era zoada. costumo sair com os amigos no fim de semana, ás vezes só pra sentar numa mesa do starbucks e tomar um bom capuccino. tenho um bom emprego, gosto do que faço. não tenho um namorado, mas também não sinto a necessidade de ter um, não no momento.

acho que deveria agradecer por ter uma vida "boa" e pedir para que nada mude nesse ano que vem. tudo corre tão bem, tão natural, tão sem esforços... ah, a quem eu quero enganar? eu adoraria ter uma vida tão simples que nem essa! esse é só mais um falso conto dessa cidade chamada san francisco.

vou economizar dinheiro e me mudar pra sheffield, bem longe daqui.
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esse foi um texto que resolvi fazer, pela ocasião mesmo. estamos perto do natal e do ano novo e eu queria mostrar uma percepção diferente de tudo isso. eu não comemoro tanto; vou para ceias e festas, mas não que signifique algo para mim. eu não sou exatamente católica, nem mesmo crente em algo. é simplesmente uma escolha que ainda não fiz.
post inspirado em fake tales of san francisco, música do arctic monkeys.

p.s.: quem me conhece, sabe que eu sou muito fã de paramore. muito mesmo. e sabe o quão triste eu estou pela saída do josh e do zac da banda. foi chocante pra mim, ainda está sendo, até porque não é fácil digerir algo tão complicado. mas eu não morri. assim como o paramore também não. como a hayley disse, eles ainda são uma banda, e eu vou continuar acompanhando-os até o dia em que eu for cinzas. josh e zac foram fundamentais, porém é preciso aprender a levantar de um tombo, por maior que ele tenha sido. ficar no chão, chorando e se lamentando o tempo inteiro não vai fazê-los voltar magicamente falando que foi tudo "pegadinha do malandro". e eu tenho a absoluta certeza de que hayley, taylor e jeremy vão saber fazer isso e ainda vão estar de cabeça erguida, apesar de tudo.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

to see the sunlight again


Essa cela me deprime. Tudo é escuro, não há cor, o sol nem ao menos nasce para mim. Não me acostumei com isso, embora conviva neste ambiente há quase dez anos. Eu sempre espero pelo dia em que irei sair e fazer justiça com minha próprias mãos. Há um tirano no trono e ele precisa ser detido. Quantos inocentes pagaram com a vida por uma nação livre e até hoje não receveram o que merecem. Esses ao menos estão longe deste tormento, em algum lugar. Não direi céu, porque não acredito que ele exista.

O fato é que eu continuo preso aqui. Calado, isolado, sufocado. Não posso gritar, eles vão adiar por mais tempo a minha estadia: qualquer coisa é desculpa para manter-me aqui. Eles sabem que eu significo perigo para o "tão amado" rei, eles sabem. Eu poderia ir até o precioso palácio e matá-lo com minhas próprias mãos. Mas eu estou fraco.

A comida que eles me entregam, um nojo. Meu próprio corpo não aceita, renega, vomita tudo depois. Os guardas não se importam, para eles tanto faz. São mercenários vagabundos, enquanto o rei estiver pagando a eles, farão o que aquele déspota manda. Não possuem alma, não veem como o povo sofre, querem apenas o dinheiro.

Eu sei que lá fora as pessoas estão assustadas. Antes de o antigo rei ser assassinado e seu trono assumido pelo tirano que agora governa, todos viviam em paz, a terra florescia, as pessoas sorriam. Havia justiça e respeito. Todos amavam o bondoso governante. No entanto, o terror fora instaurado e ninguém nunca mais se atreveu ao dar nem ao menos um pequeno sorriso.

Não me pergunte como venho sobrevivendo, é algo que até hoje me pergunto. Talvez a esperança de que um dia tudo volte a ser como era antes me mantenha vivo. Talvez haja em mim algum tipo de força que, como eu, resiste a essa injustiça. E por enquanto eu espero. Porque eu sei que um dia eu verei a luz do sol de novo. E nesse dia tudo voltará a ser como era antes.
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Acho que dessa vez fui bem forte. Mas acho que consegui passar a mensagem que eu queria. Esse personagem que construí simboliza a esperança que todos nós nunca deveríamos perder, por mais difícil e impossível que a situação pareça. Porque se nem preso e quase morto, o homem não perde a esperança de ver seu país livre de novo, por que nós devemos perder a esperança diante de problemas tão simples quanto o que nos ocorre?

Esse texto foi escrito há mais ou menos um mês, quando eu estava estudando as diferentes formas de governo em filosofia. Aristóteles foi mais científico nesse estudo e definiu as seis formas de governos mais comuns: os três governos bons e suas devidas degenerações. A tirania é a degeneração da monarquia. Quando vi isso, pensei que daria uma boa história. Tá aí.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

so take the photographs


Eu andava na praça tranquilamente. A câmera, minha filhota, em mãos. Era um dos meus passatempos favoritos fotografar as pessoas. Os risos e as brincadeiras das crianças, as mãos dadas dos namorados, os cochichos das amigas, a ressaca de um bêbado deitado num banco... Cada fotografia guarda uma história, por isso gosto de fazer esse mosaico de histórias que me fará lembrar da minha própria quando eu for adulta.

Num banco um pouco distante, um carinha estava escrevendo em seu caderno, ou desenhando. Com o zoom da minha Canon, consegui ver seu rosto. Era uma face peculiarmente bela. O cabelo castanho bagunçado emoldurava ternamente a tez alva do garoto. Diminuí um pouco o zoom e tirei algumas fotos dele.

Depois de uma quantidade de fotografias que chamo de razoável, resolvi ir embora. Mas no segundo seguinte, meus pés estavam me levando em direção ao menino. Fiquei curiosa a respeito do que ele estava fazendo e também achava injusto não avisá-lo sobre as fotos que tirei.
Quando cheguei perto, ele fechou o caderno e levantou o olhar para mim. Resolvi sentar-me ao seu lado:

- Oi.

- É, oi. - ele respondeu timidamente.

- Escuta, eu achei interessante você e seu caderno, então te fotografei. Tudo bem pra você?

- Claro. Posso ver as fotos?

- Pode sim. - liguei as câmeras e coloquei nas tais fotos. Havia umas doze só dele.

- Ficaram bem legais. Mas é meio estranho me ver assim. Se fosse outro cara talvez tivesse ficado melhor.

- Não, eu achei que ficou bom assim, sabe? As fotografias ficaram autênticas.

- É, ficaram.

- Desculpe a pergunta, mas o que você fazia com o caderno?

- Eu estava desenhando, mas não ficou muito bom.

- Por favor, me deixe ver?

- Tem certeza?

- Tenho. Não pode ser tão ruim. - sorri levemente. Ele abriu o caderno de um jeito delicado e lá estava o desenho. Era eu, fotografando. O desenho mais incrível que eu já vi na minha vida, comigo nele.

- Obrigada por ter me desenhado. - eu estava meio corada.

- Obrigado por ter me fotografado. - ele sorriu de volta. - Mas eu tenho que ir agora.

- Qual é o seu nome?

- Simon. E o seu?

- Elisa.

- Pode me passar seu e-mail? Eu te mando o desenho.

- E eu te mando as fotos. - Anotei meu e-mail numa folha em branco do caderno. Ele anotou em outro canto e rasgou o papel, me entregando o pedaço que tinha o endereço eletrônico.

- A gente se vê, então. - me despedi.

- É, a gente se vê.
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Ooi! Esse texto ficou beeem piegas, né? Mas eu achei uma história fofinha. Vocês imaginem o que acontece depois. Essa história leva a finais múltiplos e eu acho que a maioria aposta entre um romance entre os dois personagens, mas eu particularmente, ao escrever, imaginei apenas os dois virando grandes amigos.
Amizades surgem normalmente da existência de amigos em comum, ou de convivência, ou na escola, ou no trabalho. É meio difícil uma amizade surgir assim. E inusitado. No entanto, seria bastante interessante se conhecêssemos amigos de um jeito diferente. =)

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

childish memories


Essa música me lembra meus tempos de infância, você sabe. Quando eu costumava brincar de casinha, de boneca... Quando eu não tinha muitos problemas, nem precisava fingir nada. Meu sorriso era sincero, minhas palavras eram doces e os contos de fada habitavam meus pensamentos.

Cantava músicas, dançava, girava e girava, como se eu estivesse a brincar com fadas e gnomos. Eu ouvia as histórias de meu tio. Nelas, eu e minha prima visitávamos frequentemente nossa amiga imaginária e com ela vivíamos aventuras maravilhosas, conhecíamos personagens inimagináveis, nos perdíamos numa floresta para no fim da tarde encontrarmos o caminho de volta para casa.

Eu desenhava muito. Os desenhos não saíam perfeitos, mas a cada vez eu tentava me superar. Coloria cada vez melhor, não saía mais dos limites da gravura. Princesas, fadas, bosques, animais, todos ganhavam forma e cor, tornando-se mais alegres. Quase vivos, quase vivos.

Gostava de participar das peças da escola. Estava em quase todas. E em quase todas que eu estava, era a narradora. Eu conduzia a história, meus coleguinhas a encenavam. A professora, escondida na cortina, sempre nos lembrava as falas, mas eu quase nunca pedia ajuda a ela. Fazia um esforço para lembrar sem precisar de ajuda. Orgulho de criança.

As mesas eram esconderijos quando eu brincava de pique-esconde com a turma. Hoje em dia, se esconder embaixo de mesa é fazer papel de ridícula, de bêbada. Nem as crianças de atualmente se escondem embaixo de mesa. Você entende, elas estão cada vez mais querendo parecer com adultos. Enquanto os adultos querem voltar a ser crianças...

Lembro que ia para a pracinha toda noite, logo depois do banho que tomava quando se acabavam os deveres. A praça ficava a uma quadra de casa. Eu andava de bicicleta, brincava de ciranda com as meninas do bairro, de pega-pega. Era uma luta para que minha mãe conseguisse me convencer a ir embora, mas a promessa de um jantar saboroso sempre me fazia voltar para casa.

Depois do jantar, eu assistia um pouco de TV. Sempre teimava e via as novelas. Mamãe ralhava comigo, mas eu nem escutava. Depois da novela, eu ia para meu quarto e lia livrinhos de contos de fada ou revistinhas em quadrinhos. Eu aprendi a ler cedo. Meus pais poucas vezes precisaram ler para mim antes de ir dormir. Eu gostava de me enveredar pelas palavras sozinha. Era uma aventura e tanto para mim.

Outra coisa que eu também adorava era o Natal. Em meados de dezembro, eu pegava o pinheiro de plástico desmontado e começava a montá-lo. Todo ano eu conseguia deixar o pinheiro um pouquinho mais alto, mas eu sempre acabava por pedir ajuda para alguém mais alto que eu. Enquanto isso, eu ia colocando os enfeites. Quando estava montada a árvore, eu ligava o pisca-pisca e ficava olhando as cores piscando. Era hipnotizante ver o rosa, o azul, o vermelho, o amarelo, o verde, todos a brincar harmoniosamente.

Agora a música está acabando, meu caro. Minhas memórias de infância estão se esvaindo e eu tenho que voltar para o vazio de meus dias. Vou continuar tentndo resgatar a criança que ainda há dentro de mim, mas não posso lhe garantir nada.
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texto meio grandinho, né?
feito num momento de nostalgia. lembrei da minha infância, de quando tudo era mais fácil. então escrevi isso. como um adulto se recorda do que aconteceu no período mais áureo da vida de qualquer um. pena que as crianças de hoje em dia estão aproveitando cada vez menos essa fase maravilhosa. digo isso porque vivi e ainda vivo isso. na pressa de envelhecer, não acho que aproveitei o suficiente. mas ainda tento guardar esse sentimento pueril dentro de mim, por mais diícil que seja.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

can't be a ballerina


In conversation she often contends
Costumes build customs that involve dead ends*

don't watch me dancing - little joy


A suave música conduz os meus passos pelo chão. Era uma das minhas melodias favoritas, a que estava a tocar na estação de rádio erudita. Todos os dias, já era de costume, eu levava o rádio para o meu quarto. Por vezes, apenas ouvia as canções, enquanto recostava minha cabeça no travesseiro, pensando em tudo que já vi e já vivi.

No entanto, o que eu mais gostava de fazer era dançar. Se pudesse, eu dançaria o tempo todo, guiada pelas doces notas que saíam do radinho. Sempre fora meu sonha ser bailarina. Meu sonho secreto. Nunca falei para ninguém. Pedia a mamãe para levar-me ao teatro todas as vezes que sabia que uma companhia de balé estava se apresentando. Porém não pedia para entrar em uma.

Sei que não vou ser tão feliz, mas logo estarei na idade de casar e esse sonho irá se dissipar. Já tenho treze anos e a certeza de que com quinze estarei no altar. Mamãe morreria de desgosto se isso não acontecesse. Não me deixaria ser bailarina, embora também as achasse belas.

Os meus pés descalços e a música eram os únicos sons que eu escutava. Tão agradáveis e cheios de vida! De repente, alguns passos se fizeram audíveis no corredor e depois pararam perto do meu quarto, pelo que pude perceber. Não me importei muito, primeiramente. Só que a música acabou e o locutor da rádio anunciou os comerciais, e então fiquei curiosa. Dirigi-me até a porta, abri-a. Meu irmão mais novo estava de pé na minha frente:

- John, o que quer?

- Desculpe, irmã, estava olhando pela fechadura. Ouvi a música e quis saber de onde vinha. - ele disse, a voz dengosa.

- John, eu estava apenas dançando.**

- Eu vi.

- Não conte para a mamãe, por favor!

- Tudo bem. - prometeu, girando nos calcanhares e saindo.

Nunca mais dancei desde então.


*: Nas conversas ela às vezes afirma
Fantasias costumam envolver becos sem saída
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Tive a inspiração de fazer um texto assim quando estava fazendo a prova de inglês. Lembrei dessa música do Little Joy e resolvi fazer um texto para ela. Não tem muito a ver com a letra mas vale assim mesmo. E o nome do irmão da personagem é John porque tem uma música do David Bowie que diz "John, I'm only dancing.**". A letra dessa música, essa não tem nada a ver mesmo com a história, mas achei que seria legal colocar um pouquinho de David Bowie no texto, nem que seja só o nome da música. E isso não tem nada relacionado com um sonho frustrado meu de ser bailerina. Eu nunca nem quis ser bailarina. Mas admiro quem é, saber dançar não é para qualquer um.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

10 da vez: Olhos rubros

Tá aí a redação que eu prometi. O gênero textual trabalhado era Conto de Terror e haviam duas propostas. Eu escolhi uma que possuía uma imagem e a partir dela, produzir um texto. O resultado tá aí.


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Ali estava eu, naquela reunião satânica. A jovem e bela donzela estava no leito de pedra, aprisionada por correntes. Ela se contorcia loucamente, tomada pelo medo. A agonia em seus olhos perfurava-me como um punhal. Para falar a verdade, o punhal seria menos doloroso.

Fitei o livro que estava aberto em minha frente. Dele emanava um poder vindo das sombras: era magia negra, se era! O encantamento maldito penetrava em meus olhos e se entranhava em minha mente. Eu me sentia instigado a ler, mas lutava para não fazê-lo. Era a luta entre o bem e o mal dentro de mim.

- Faça logo, meu jovem. É o preço que se paga para aderir a esta seita. Faça, ou o destino que seria dela pertencerá a você. - alertou-me o ancião de vestes negras que estava do outro lado da sala. Sua voz era uma lâmina a cortar o ar.

- Farei, ó mestre. - eu não tinha mais saída, era matar ou morrer. Recitei as palavras malignas do livro. A medida que a vida se esvaía da moça, eu sentia um novo vigor dentro de mim, junto a uma fome de morte. Meus olhos queimavam. Assim que terminei com o feitiço, a jovem parou de se contorcer, sua tez lívida indicando que ela estava morta.

- Muito bem, meu caro rapaz. Seus olhos, agora, brilham rubros como os nossos. Seja bem vindo. Deixemos o sacrifício e vamos para a nossa sala de reuniões.

Os membros da seita dirigiram-se para a outra sala. Resolvi ficar e dar uma olhada naquele frágil corpo que jazia em minha frente antes de ir. Foi uma pena matá-la, mas eu não me arrependia. Beijei a texta fria e soltei um longo suspiro conformado:

- Adeus, irmã.

sábado, 13 de novembro de 2010

you tried, you failed.


Londres, 17 de novembro de 1943

Srta. Eleanor Rosings,

Minha cara, há várias coisas que precisamos esclarescer. Eu lhe darei um tempo para pensar sobre elas depois. É certamente muito confuso e você talvez não se sinta nada bem depois. Frustrada. Magoada. Derrotada. No entanto, é preferível que eu diga agora. Se eu deixar este assunto para outra hora, o tombo será maior e mais dolorido.

Somos muito próximos, qualquer um diria isso. Mas essa proximidade foi deveras repentina. Você me conheceu, apreciou minha companhia, minhas palavras loucas e, em pouco tempo, já não conseguia passar um dia sem sentir meu hálito de cigarro enquanto falava comigo.

Devo eu dizer, minha cara, que você atropelou os acontecimentos e os interpretou erroneamente. Nessa sua mente tola e sonhadora, imaginou-me como seu único companheiro, seu eterno amor. Admito que, no início, sua doçura me encantou. No entanto, isto foi apenas uma fase. Tudo estava acontecendo de forma tão rápida!

Tal encanto fora passageiro, e é preciso que você entenda e supere isso. Eu disse que somos muito próximos. Essa proximidade nunca foi por mim tratada como amizade. Eu nunca fui seu amigo. Somos pessoas diferentes, e eu percebo que você se tornou mais próxima para tentar mudar seu jeito de ser. Tentativa falha, minha cara. Tentativa falha.

Neste momento, as lágrimas já devem estar descendo pelo seu pálido rosto meigo e você provavelmente se sente a mais infeliz das criaturas. Se o que eu disse a abateu de tal modo, perdoe-me, apenas falei a verdade. É preciso que você aprenda que contos de fada não existem.

E como eu disse, lhe darei um tempo para pensar sobre tudo o que eu escrevi aqui. Para falar a verdade, já estou lhe dando. A carta foi deixada em sua porta quando eu já me encontrava de malas prontas para algum lugar distante. Não sei quando irei voltar. Pode ser amanhã. Ou daqui a dez anos. Mas não me procure se eu o fizer.


Atenciosamente,
Scott Middleton

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Escrito ao som de The Strokes - Automatic Stop
Simplesmente me surgiu essa ideia na cabeça e quando eu estava ouvindo essa mesma música. Escrevi e não gostei taaaanto assim, mas resolvi postar.